sábado, janeiro 29, 2005

Távola Redonda do rei Arthur

No grande Átrio do Castelo Real de Winchester (antiga Inglaterra), está suspensa na parede a távola redonda do rei Arthur, com seis metros de diâmetro e o peso de uma tonelada. A távola redonda contém os nomes dos cavaleiros do rei. A peça central da corte de Artur fora a Távola Redonda que simbolizava a expansão do poder e da glória por todo o Mundo. Em termos reais era muito mais do que isso.

Tratava-se de uma força em prol da harmonia e da fraternidade. Era um antídoto contra a inveja, a ambição, a ânsia da supremacia e do poder – defeitos humanos que caracterizavam a mentalidade na Idade Média.

Alguns pesquisadores asseguram que a távola redonda fora um presente para o rei Arthur, construída por um carpinteiro da Cornualha e sua forma redonda teria um fim: evitar disputas pelos leais cavaleiros do rei.

Outro relato mais conhecido assegura que foi José de Arimatéia o primeiro guardião do Santo Graal que construiu a távola do Graal para comemorar a última ceia, com um assento sempre vago para representar o então traidor Judas Iscariote.
No entanto existem outros relatos que dizem: que o assento vago na távola redonda do rei Arthur pertencia a Jesus Cristo e só um cavaleiro capaz de recuperar o Santo Graal, teria o direito de ocupar este lugar vago.

Segundo alguns escritores a távola redonda foi construída por um carpinteiro, este era o pai de Guinevere. A távola foi presente do carpinteiro a Arthur em forma de dote quando este se casou com Guinevere, e foi Merlin quem escolheu os cavaleiros para que se sentassem a ela, e então, predisse a busca do Santo Graal.

A Távola Redonda também, segundo alguns pesquisadores representa o símbolo cósmico do todo, com o Graal em seu centro místico e os doze leais cavaleiros representando os signos do zodíaco.

Em 1976, a távola redonda foi alvo de uma extensiva investigação científica, até então a távola teria sido datada pelo carbono 14 como existente desde 1463 e provavelmente pintada pelo rei Henrique VIII em 1522.

Agora, com a tecnologia mais avançada, o método do radiocarbono (carbono 14), e o estudo da carpintaria prática mais especializada foi revelado que a távola redonda foi construída em 1270, no início do reinado do rei Edward.

Sabe-se que o rei Edward tinha grande interesse pelas histórias arturianas e teria ido a Glastonbury junto com sua consorte Lady Eleanor para celebrarem a Páscoa e ir também na abadia, onde ordenou que abrissem o túmulo de Arthur.

A Távola Redonda sabe-se, que provavelmente fora usada em muitos torneios que o rei Edward gostava de realizar.
As lendas arturianas adaptavam-se bem aos ideais das cruzadas e da cavalaria que despontaram nos séc. XI, XII e XIII. Os cavaleiros de Artur serviam de modelo a todos os guerreiros como cruzados triunfantes em busca do Santo Graal, o cálice utilizado por Jesus Cristo na última ceia.

Mas a crença de que o rei não morreu e regressará com os seus cavaleiros, a fim de retomar a luta contra os males do mundo continua viva...

Avalon ou Glastonbury

Castelos e fortificações de pedra compõem boa parte da paisagem da Inglaterra rural. Em muitos deles, a passagem do Rei Arthur e de seus leais cavaleiros da Távola Redonda com seus feitos nobres deixou marcas, ajudando a construir suas histórias.

Mas é no sudoeste da Inglaterra, a 150 km de Londres, na cidadezinha de Glastonbury (um dos lugares mais sagrados da Inglaterra) que expedições arqueológicas encontraram não só vestígios de um Arthur em carne e osso como também do seu refúgio, a lendária Ilha de Avalon.

Para muitos respeitáveis estudiosos, porém, não há dúvidas de que a pacata e bucólica Glastonbury de hoje foi outrora a mítica Ilha de Avalon e atrai visitantes de todos os gêneros: românticos fascinados pela história do rei Arthur, peregrinos à procura da herança da antiga religião, místicos em busca do Santo Graal, em busca da energia que emana de Stonehenge que era ligada ao antigo rio Avalon, ainda quando Glastonbury era rodeada por pântanos, enquanto; os astrólogos são seduzidos pela existência de um zodíaco na paisagem, chamado Templo das Estrelas de Glastonbury por Katherine Maltwood.

Pesquisas arqueológicas atestam que os campos de Glastonbury há milhares de anos, foram pântanos drenados, ou seja, a cidade já foi uma ilha, o que reforça sua proximidade com as lendas de Avalon também chamada de "Ynis Vitrin" ou Ilha de Vidro. O nome Avalon tem origem no semi-deus celta Avalloc. Os Celtas a consideravam uma passagem para outro nível de existência.

Segundo pesquisadores, Avalon ainda pertencia ao mundo, a comunidade de lá convivia pacificamente com os cristãos, que ali chegaram pedindo abrigo. Foram acolhidos com a condição de que não interferissem nos cultos e nas tradições antigas. Diz-se que padre José de Arimatéia levou o cálice Graal contendo o sangue de Jesus para a ilha de Avalon (Glastonbury com seus pântanos atualmente drenados).

Em Avalon havia suas deusas e deuses, vivia em harmonia com a natureza, ao seu ritmo, seguindo as mudanças das estações do ano, os ciclos da lua com seus antigos rituais. Viviam lá as Sacerdotisas da Lua e aprendizes dos mistérios e forças da natureza, conheciam a magia, as ervas para curar, os segredos do céu e das estrelas e a música principalmente...Em Avalon onde tudo florescia era iluminada pelo sol.

Entretanto, com o passar do tempo, os padres (não José de Arimatéia, que se “dizia”, teria uma concepção contrária de outros padres) começaram a ver os cultos pagãos como profanos, dizendo que em seus rituais o demônio era adorado, condenando-os. Muitas comunidades pagãs foram destruídas, e a partir de 391, com a consolidação do cristianismo como religião oficial do Império Romano, as perseguições tornaram-se maiores e os cultos pagãos foram totalmente proibidos.

Avalon é uma ilha sagrada. Há muitas eras, pertencia ao mundo, mas hoje, está entre a Terra e o Reino Encantado, cercado pelas brumas que encobrem a ilha e a separa do mundo dos homens.

Inúmeros sítios místicos da Bretanha envolvem uma história particularmente rica e variada, figurando em cultura druida, cristãos, cultos celtas, no ciclo arturiano e na espiritualidade da Nova Era. No entanto, mesmo as associações mais antigas são relativamente novas, se comparadas com os primórdios dos marcos sagrados. Há 6 mil anos ou mais, alguns desses sítios constituíam o solo sagrado de um povo mais remoto – os adoradores neolíticos da Deusa-Mãe.

A Deusa, uma divindade da mãe-terra reverenciada pelas sociedades primitivas em muitas partes do mundo, aparentemente teve seus seguidores na Inglaterra. Em Silbury Hill há uma enorme colina perto de Stonehenge, que teria representado o ventre da deusa grávida. Para erguê-la, seus construtores teriam feito um esforço prodigioso, arrastando cerca de 36 milhões de cestas cheias de terra, durante 15 anos.

A pedra-ovo, considerada símbolo da poderosa mãe cósmica pode possuir uma energia própria: Dowsers afirma que ela emite fortes vibrações. Com quase 40 metros de altura, uma estrutura artificial pré-histórica que alguns historiadores acreditam que ela representasse um olho, um símbolo usual da deusa-mãe. O morro em si seria a íris e o círculo em seu topo, a pupila.

A 1,50 quilômetro a leste de Glastonbury, ergue-se a mais de 150 metros de altitude outra colossal gravidez da terra, o Tor, um cone extraordinário, visível de todas as direções em um raio de mais de 30 quilômetros.

Ao redor de suas encostas os terraços construídos pelos homens formam um imenso labirinto que se enrosca até o corpo. Alguns pesquisadores acreditam que esses caminhos tortuosos foram projetados para a prática de rituais pagãos, na pré-história.

O Tor é coroado pela torre em ruínas de uma igreja dedicada a São Miguel, um célebre caçador de dragões e inimigo dos espíritos do mal.

Os monges medievais erigiram a igreja com o intuito de cristianizar o local e erradicar seus vínculos com reis e deuses pagãos.

O que na minha opinião, este tipo de estratégia nunca funcionou, pois a fé está dentro de nossos corações, em nossos pensamentos e a natureza é a nossa razão principal, não serão templos erguidos pelas mãos de mortais que irão fazer de nós pessoas boas ou ruins.

Cito aqui uma mensagem que tive o prazer de ler no livro da Marion (As Brumas de Avalon) em que diz: Morgana fala...

A verdade tem muitas faces e assemelha-se à velha estrada que conduz a Avalon: o lugar para onde o caminho nos levará depende da nossa própria vontade e de nossos pensamentos, e, talvez, no fim, chegaremos ou à sagrada ilha da eternidade, ou aos padres, com seus sinos, sua morte, seu Satã e Inferno e danação...

Segundo uma lenda celta, a entrada para Annwn, a morada subterrânea das fadas, pode ser encontrada através de túneis e câmaras naturais localizadas debaixo do Tor. Seria através desse portal que Gwynn ap Nudd, rei das fadas, teria partido em caçadas selvagens para encontrar e roubar os espíritos dos mortos.

O Tor de Glastonbury é inconfundível em uma vista aérea. Sobressai de tal maneira na paisagem, que induziu à hipótese de ter servido como referência para a aterrissagem de discos voadores. “Tor” em celta significa Portal, passagem; estaria ali o umbral que permite a passagem do nosso mundo para a ilha sagrada de Avalon.

Uma tradição milenar relata também que está em Glastonbury (antiga Ilha de Avalon) o Poço do Cálice Sagrado (Chalice Well), onde José de Arimatéia, amigo e protetor de Cristo, no ano 37 d.C., teria escondido o Santo Graal, o cálice da Santa Ceia, contendo o sangue de Jesus. O poço fica nas proximidades da colina de Tor.

É um lugar muito apreciado para meditação. De uma fonte, sai uma água pura e cristalina com propriedades medicinais. O sangue do cálice teria sacralizado e tingido a água pura do poço.

Esta é realmente vermelha. Segundo cientistas, devido ao alto teor de ferro no solo. Para os turistas e locais, beber as águas do "Chalice Well" é beber da própria fonte da juventude.

Enfim, Glastonbury é um berço sagrado que abriga muitos mistérios...

terça-feira, janeiro 18, 2005

Quantidade de luz solar na Terra 'é cada vez menor'

Cientistas acreditam que a Terra está recebendo uma quantidade cada vez menor de energia solar – e que, paradoxicalmente, isto pode ser resultado do aquecimento global.
Os pesquisadores chegaram a esta conclusão após terem analisado medições da luz solar colhidas nos últimos 50 anos.
Eles suspeitam que a redução do nível de luz solar se deva à poluição atmosférica.
Partículoas sólidas lançadas ao ar por atividades poluentes – como cinzas e fuligem – refletem a luz de volta para o espaço, impedindo com que ela chegue à terra.
Além disso, a poluição também modifica as propriedades óticas das nuvens, aumentando a sua capacidade de refletir os raios de Sol de volta para o espaço.

Repercussão
O primeiro cientista a observar o fenômeno da redução do nível de luz solar foi o britânico Gerry Stanhill, que comparou dados obtidos em Israel na década de 1950 com medições mais recentes e encontrou uma queda de 22%.
A partir daí, ele procurou dados semelhantes sobre outros países e observou que a redução também se observava em vários outros lugares.
Em partes da antiga União Soviética, ela chaga a 30%, na Grã-Bretanha, a 16%, nos Estados Unidos, a 10%.
Embora a variação seja grande de lugar a lugar, a estimativa é que o declínio tenha sido de 1% a 2% por década em um período de 50 anos.
Seu trabalho, publicado em 2001, não teve grande repercussão, mas os resultados foram reforçados agora por uma equipe de pesquisadores australianos que utilizou métodos totalmente diferentes para avaliar a quantidade de luz solar que chega à Terra.
O fenômeno está sendo chamado de “turvação global”.

Subestimação
Os cientistas agora temem que isto esteja fazendo com que menos luz solar chegue aos oceanos, o que pode afetar o padrão da ocorrência de chuvas no planeta.
Há quem sugira que a turvação global esteja por trás das secas que causaram centenas de milhares de mortes na África sub-saariana nos anos 1970 e 1980.
Alguns dados preocupantes insinuam que algo parecido pode estar acontecendo agora na Ásia, onve vive metade da população mundial.
Uma outra conclusão suscitada pela descoberta é que os cientistas podem ter subestimado o poder do efeito estufa.
Muitos especialistas acham surpreendente que a energia extra acumulada na atmosfera terrestre pelas emissões extras de dióxido de carbono só tenha causado um aumento de temperatura da ordem de 0,6 grau centígrado.
Acredita-se que, na Era Glacial, quando houve um aumento parecido de CO2, a temperatura tenha subido 6 graus.
Mas agora está ficando aparente que o aumento da temperatura causada pelo CO2 em excesso pode ter sido amenizado pelo esfriamento causado pela redução do nível de radiação solar que chega à Terra.
Isto indica que o clima pode ser muito mais sensível ao efeito estufa do que se pensava anteriormente.

Má notícia
Se este for o caso, aí então se trata de uma má notícia, segundo o climatologista Peter Cox.
Do jeito que as coisas estão se encaminhando, estima-se que os níveis de dióxido de carbono vão continuar subindo de forma acentuada nas próximas décadas, enquanto há sinais encorajadores de que a emissão de partículas sólidas na atmosfera está sendo colocada sob controle.
“A implicação é que vamos, ao mesmo tempo, reduzir o poluente que causa o esfriamento e aumentar o que causa o aquecimento, e isso será um problema”, diz Cox.
Mesmo as mais pessimistas projeções sobre o futuro do clima global teriam então que ser revisadas para cima, o que significaria que um aumento de 10 graus centígrados por volta de 2100 não seria de todo inimaginável.

Mulheres são menos aptas para ciências, diz presidente de Harvard

O presidente da Universidade de Harvard causou polêmica entre acadêmicos ao sugerir que as mulheres têm menos capacidade em ciência e em matemática do que os homens.
O ex-secretário do Tesouro americano Lawrence Summers disse que um sexo supera o outro devido a características genéticas, e não somente por experiência, segundo informações do jornal Boston Herald.
Vários convidados deixaram o local da conferência de que Summers participava depois de ouvir os comentários.
Summers disse depois que a falta de acadêmicas mulheres se devia também aos deveres maternos, o que dificultaria o trabalho de 80 horas por semana necessário para pesquisas.

Provocação
Summers disse que a teoria de que os homens são naturalmente mais capazes que as mulheres em ciências é baseada em uma pesquisa, e não em sua opinião pessoal.
Meninos tiram melhores notas que meninas, e, segundo ele, essa diferença deveria ser investigada.
Richard Freeman, organizador da conferência que aconteceu no Escritório Nacional de Pesquisa Econômica em Cambridge, Massachusetts, disse que Summers tinha recebido instruções para ser provocativo.
Mas Nancy Hopkins, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, disse que, se não tivesse deixado o local antes do final da conferência, "teria desmaiado ou vomitado".
"Minhas considerações foram mal interpretadas sugerindo que eu disse que falta habilidade para as mulheres conseguirem alcançar sucesso níveis altos da matemática e da ciência. Eu não disse isso, e nem acredito nisso", disse Summers.
"Eu tenho um compromisso ao progresso das mulheres nas ciências, e todos nós temos um papel crucial em acelerar esse progresso até o final."
Ele adicionou que "quanto mais trabalharmos para pesquisar e entender a situação, são melhores as oportunidades para um sucesso de longo prazo".
Summers é presidente de Harvard desde 2001, tendo feito parte anteriormente do governo do ex-presidente americano Bill Clinton.

As mortes e a vida de Wilbert

Em fevereiro de 1961, Wilbert Rideau, um negro de 19 anos, entrou num banco em Lake Charles, na Louisiania, e saiu com US$ 14 mil e três empregados como reféns.
Na saída da cidade ele entrou numa estrada de terra e atirou em dois deles. Um, ferido, pulou no pântano e escapou. A segunda vítima levou um tiro no pescoço, fingiu de morta e também sobreviveu.
A terceira, Julia Ferguson, caixa do banco, morreu com uma facada no coração e a garganta cortada. Wilbert foi preso e condenado à morte por um júri só de brancos.
Cortes superiores constataram irregularidades constitucionais e anularam o julgamento.

Wilbert foi julgado e condenado à morte mais duas vezes. Neste sábado, depois do quarto julgamento, o júri mudou a categoria do homicídio de doloso para culposo e soltou Wilbert. No doloso há intenção ou premeditação de matar. No culposo não e a pena máxima é 21 anos.
Wilbert, aos 62 anos, é um homem livre.
Ele passou 44 anos na prisão e, de semi-analfabeto tornou-se jornalista e editor do jornal da penitenciária. Entre outros prêmios, ganhou o Polk, um dos mais cobiçados do jornalismo americano. Wilbert distinguiu-se não só pela qualidade de suas matérias, como pelas suas campanhas de alfabetização nas prisões. Ele foi também co-diretor do documentário The Farm: Angola, USA, que concorreu ao Oscar. E, como prisioneiro, foi exemplar.
Um dos depoimentos mais incriminadores contra Wilbert foi dado pela refém que se fingiu de morta. Ela disse que ouviu Julia Ferguson implorar a Wilbert que não a matasse, mas ele foi implacável e, antes de esfaqueá-la, teria dito: "Não se preocupe. Vai ser rápido e tranqüilo".
Wilbert admitiu o crime, mas negou o diálogo e que tivesse qualquer intenção de matar ou mesmo de fazer reféns. Contou que o plano dele era trancá-los no cofre, mas um telefonema complicou o assalto e ele decidiu levar os três empregados.
Planejava soltá-los na saída da cidade mas quando diminuiu a velocidade os três pularam do carro e sairam correndo. No pânico, disse Wilbert, ele matou.
Martin Luther King , cujo aniversário foi comemorado ontem, ainda estava vivo quando Wilbert Rideau foi condenado à morte.
Na época não houve nenhum protesto contra o júri só de brancos. Luther King nem se manifestou sobre o caso, mas se não fossem as mudanças provocadas por ele, Wilbert já teria sido executado.

sábado, janeiro 15, 2005

I.S.S.

A exploração do espaço pelo homem, que teve o seu auge durante a guerra fria, certamente tem como um dos seus componentes mais fascinantes (o que também significa dizer vendáveis) a presença física de seres humanos no espaço. Esse objectivo, fruto também de diversas controvérsias entre pesquisadores, recebeu um novo impulso com a divulgação dos esforços internacionais envolvidos na construção, desde 1998, da Estação Espacial Internacional (ISS, sigla em inglês), que contará inclusive com a participação brasileira. O grande interessado e responsável pela construção da maior parte da ISS é a NASA, que está capitaneando o projecto.
A construção da ISS envolve o esforço principalmente dos Estados Unidos, Japão e Rússia. A Europa - através da sua agência espacial, a
European Space Agency (ESA), que articula 15 países do continente - deverá construir apenas o módulo de uso europeu. Brasil, Canadá e Itália (esta última também integra a ESA) são responsáveis por pequenas partes da ISS. Quando estiver pronta, o que se prevê para 2006, a estação terá o tamanho de 110 por 75 metros. Sua órbita ficará distante 400 km da Terra.
Estações espaciais como a ISS são construídas visando, principalmente, o envio de homens ao espaço. Segundo os defensores dessa ideia, para algumas experiências científicos é imprescindível a presença humana. O presidente da
Agência Espacial Brasileira (AEB), Luiz Gylvan Meira Filho, é um deles. Para ele, "a maravilhosa capacidade do cérebro humano de seleccionar informações e fazer julgamentos não pode ser feita por máquinas" (veja entrevista completa).
Essa opinião é corroborada pelo presidente da NASA, Daniel Goldin, que - em entrevista à revista Galileu, realizada no Rio de Janeiro, durante o
51º Congresso Internacional de Astronáutica - enfatizou que os humanos são mais adaptados, capazes e ágeis do que as máquinas.
Além disso, a presença de pessoas no espaço é algo que encanta muito facilmente a opinião pública, o que acaba facilitando a liberação de verbas para os programas espaciais. Jornais como o
Space News, voltado aos aficcionados por temas espaciais, frequentemente publicam cartas de leitores com comentários sobre como seria importante fornecer aos jovens a possibilidade de sonharem com viagens espaciais. Diz uma das cartas publicadas, de autoria de Michael R. Wright, funcionário da NASA: "Enquanto missões com robôs podem nos dar descobertas científicas significativas, elas não irão despertar nossa imaginação sobre o que os seres humanos são capazes de fazer".
No entanto, a ida do homem ao espaço tem muitos críticos, que consideram-na puro desperdício de dinheiro. Um deles é Robert Park que, no livro Voodoo Science: the road from foolishness to fraud (Oxford University Press, 2000), afirma que projetos como o da estação espacial não podem ser justificados a partir de critérios científicos. Ele afirma que todas as funções previstas em estações espaciais - como: fazer observações astronómicas livres das distorções da atmosfera terrestre; monitorar sistemas climáticos; ligar comunicações por todo o globo; fornecer assistência para o direcionamento de navios e aviões; e detectar operações militares clandestinas - podem ser feitas por satélites sem a presença de humanos. "E mais, desde 1984 robôs fazem essas actividades melhor e mais barato do que qualquer ser humano poderá fazer", afirma Park.
A principal característica buscada para os experiencias científicos no espaço é a micro gravidade, a quase ausência de efeitos gravitacionais encontrada no espaço cósmico. Ela seria importante para estudos relativos à fisiologia humana, à cristalização de proteínas e aos tropismos gravitacionais e anti-gravitacionais (raízes de plantas crescem para baixo e ramos crescem para cima). Segundo Park, uma estação como a
Mir, que orbita a Terra desde 1986, fez numerosos estudos nesses campos que não significaram nenhum ganho científico considerável.
Como afirma o próprio Daniel Goldin, projectos como o Apollo, que levou o homem à Lua, tiveram propósitos diferentes dos científicos. Ao que parece, projectos como o da ISS têm motivações que vão além das científicas. "O objectivo não revelado da administração Clinton foi o de arrumar emprego para os especialistas russos, que poderiam ficar tentados a vender seus serviços a nações em busca de tecnologias para mísseis", especula Park. Certamente são importantes, entre as motivações, o sonho que nossa cultura alimenta em torno da conquista do espaço. E, claro, isso é muito importante para que o fluxo de financiamentos do governo norte-americano para a NASA não cesse.