quarta-feira, dezembro 15, 2004

A Busca de Camelot

Antes de chegarmos à Camelot, vamos falar de Tintagel, onde tudo, ou quase tudo começou...Geoffrey de Monmouth identificou como local de nascimento de Arthur o castelo de Tintagel, na costa escarpada da Cornualha, no sudoeste da Inglaterra. Os céticos acusam: esse castelo foi construído no século XII, muito após o nascimento de Arthur.
Mas as escavações arqueológicas feitas nos cabos íngremes nas cercanias das ruínas do castelo revelaram resquícios de construções de pedra, talvez pertencentes a uma fortaleza de alguma poderosa família Celta. Fragmentos de cerâmica mediterrânea dos séculos V e VI encontrados nessas escavações datariam da época de Arthur, contribuindo assim para endossar a lógica de Geoffrey ao focalizar ali o nascimento de Arthur.
Duas formações rochosas perto do castelo de Tintagel receberam do povo da Cornualha os nomes de Trono de Arthur e Xícaras e Pires de Arthur.
A busca de Camelot, casa e quartel-general de Arthur e sua fraternidade, centralizou-se em Cadbury Hill, um forte da Idade do Ferro sobre um platô de 150 metros de altitude, perto da vila de Somerset (uns 18 quilômetros de distância de onde se localiza o Templo das Estrelas), em South Cadbury.
A colina nunca sediou um castelo nos moldes da Idade Média, porém suas antigas fundações revelam a existência de uma formidável cidadela diversas vezes usada como fortaleza ao longo dos séculos.
Em suas cercanias corre um pequeno rio, em cujas margens Arthur teria travado sua última batalha. Segundo uma teoria alternativa, a batalha de Camlan teria sido travada perto de Camelford, na Cornualha.

A associação de Cadbury Hill a Camelot remonta a John Leland, um antiquário do século XVI que passou grande parte da vida pesquisando histórias arturianas. Em 1542, após uma viagem a South Cadbury, Leland escreveu: “Bem na extremidade sul da igreja de South-Cadbyri (Cadbury) ergueu-se Camalat (Camelot), que um dia foi um castelo ou uma cidade de renome. (...) O povo nada sabe disso, mas ouviu falar que Arthur freqüentava muito Camalat (Camelot).”
Séculos mais tarde, os aldeões de South Cadbury deram ao topo da colina o nome de Palácio de Arthur.
No final da década de 1960, os arqueólogos levaram quatro anos fazendo minuciosas escavações em determinadas áreas de Cadbury Hill, em busca de provas que vinculassem aquele ermo local ao grande rei Arthur, em um projeto que denominaram “A busca de Camelot”.
Descobriram que as quatro grandes cristas feitas pelo homem no alto da colina haviam sido reconstruídas diversas vezes, durante um período de 5 mil anos (exatamente o mesmo tempo em que foram feitas as figuras zodiacais, chamado Templo das Estrelas de Glastonbury).
No século I a fortaleza fora assaltada e capturada pelos romanos, sendo abandonada em seguida. Centenas de anos depois, no tempo de Arthur, os novos habitantes erigiram diversas construções na parte mais elevada da colina (O Palácio de Arthur), incluindo um portal em estilo romano e um grande átrio de madeira.
Mas a estrutura mais sofisticada e surpreendente era um muro construído com madeira e pedra, medindo cerca de 5 metros de espessura e pouco mais de 1.200 metros de extensão. Tanto o projeto como a construção do muro seguiam padrões celtas, e não romanos, sugerindo que fora encomendado por um admirador da arte celta tradicional.
E como não se descobriu na Bretanha qualquer outra estrutura do mesmo porte e tipo, os arqueólogos acreditam que deve ter sido feita por ordem de um governante que dispunha de imensos recursos em trabalhadores e dinheiro.
Naturalmente, essa descrição condiz com a figura do rei Arthur.
“A conclusão inevitável é que [Cadbury Hill] foi a fortaleza de um grande líder militar, um homem em posição única, com enormes responsabilidades e uma mentalidade especial.” – escreveram Leslie Alcock e Geoffrey Ashe, dois arqueólogos e historiadores envolvidos nas escavações da “Busca de Camelot”.
O que foi encontrado nas escavações, não poderiam chamar o proprietário pelo nome de Arthur, porém Alcock e Ashe afirmaram que a questão do nome “não passava de um detalhe”. O homem que governava Cadbury Hill (ou seja, Camelot ou Camalat) nessa espetacular refortificação do século VI, observaram, poderia, mais do que qualquer outro personagem daquela época, ser identificado com Arthur, “uma pessoa com grandeza suficiente”.
Menos de 18 quilômetros de distante de Cadbury Hill situa-se Glastonbury, um lugar sagrado impregnado de magia, que remonta à era pagã. Ali foi o antigo sítio da etérea ilha de Avalon, para a qual Arthur fora levado para que seus ferimentos fossem curados pela fada Morgada. Há muitos séculos ali encerrava-se em uma ilha, cercada por pântanos que depois foram drenados. Seu antigo nome celta Ynis Witrin, ou Ilha de Vidro.
Sem dúvida o rei Arthur, sua távola redonda, seus leais cavaleiros, também sua Avalon, suas sacerdotisas, fadas como queiram, enfim seu reino nos deixaram muitas coisas boas que preenchem nossa alma de alguma forma. Curioso, como tempos remotos nos atingem até os dias de hoje e continuarão atingindo com suas, nossas origens.
Um dia eu estava pesquisando sobre um determinado assunto, e me deparei com um site de escoteiros mirins, e fiquei emocionada da forma com que eles retratam a távola redonda de Arthur. Todos os dias eles se reúnem em volta de sua própria távola para discutirem sobre assuntos ligados ao escotismo, suas próximas missões, enfim uma solidariedade contagiante.
Onde todos são diferentes uns dos outros, ali na távola redonda eram todos iguais e com um mesmo objetivo. Fiquei tão emocionado, que enviei uma mensagem elogiando o belo trabalho. Acho que essas são as verdadeiras provas de que algum dia em tempos antigos, Arthur viveu, e continua vivendo em nossos corações.

Távola Redonda do rei Arthur

No grande Átrio do Castelo Real de Winchester (antiga Inglaterra), está suspensa na parede a távola redonda do rei Arthur, com seis metros de diâmetro e o peso de uma tonelada. A távola redonda contém os nomes dos cavaleiros do rei. A peça central da corte de Artur fora a Távola Redonda que simbolizava a expansão do poder e da glória por todo o Mundo. Em termos reais era muito mais do que isso.
Tratava-se de uma força em prol da harmonia e da fraternidade. Era um antídoto contra a inveja, a ambição, a ânsia da supremacia e do poder – defeitos humanos que caracterizavam a mentalidade na Idade Média.
Alguns pesquisadores asseguram que a távola redonda fora um presente para o rei Arthur, construída por um carpinteiro da Cornualha e sua forma redonda teria um fim: evitar disputas pelos leais cavaleiros do rei.
Outro relato mais conhecido assegura que foi José de Arimatéia o primeiro guardião do Santo Graal que construiu a távola do Graal para comemorar a última ceia, com um assento sempre vago para representar o então traidor Judas Iscariote.
No entanto existem outros relatos que dizem: que o assento vago na távola redonda do rei Arthur pertencia a Jesus Cristo e só um cavaleiro capaz de recuperar o Santo Graal, teria o direito de ocupar este lugar vago.
Segundo alguns escritores a távola redonda foi construída por um carpinteiro, este era o pai de Guinevere. A távola foi presente do carpinteiro a Arthur em forma de dote quando este se casou com Guinevere, e foi Merlin quem escolheu os cavaleiros para que se sentassem a ela, e então, predisse a busca do Santo Graal.
A Távola Redonda também, segundo alguns pesquisadores representa o símbolo cósmico do todo, com o Graal em seu centro místico e os doze leais cavaleiros representando os signos do zodíaco.
Em 1976, a távola redonda foi alvo de uma extensiva investigação científica, até então a távola teria sido datada pelo carbono 14 como existente desde 1463 e provavelmente pintada pelo rei Henrique VIII em 1522.
Agora, com a tecnologia mais avançada, o método do radiocarbono (carbono 14), e o estudo da carpintaria prática mais especializada foi revelado que a távola redonda foi construída em 1270, no início do reinado do rei Edward.
Sabe-se que o rei Edward tinha grande interesse pelas histórias arturianas e teria ido a Glastonbury junto com sua consorte Lady Eleanor para celebrarem a Páscoa e ir também na abadia, onde ordenou que abrissem o túmulo de Arthur.
A Távola Redonda sabe-se, que provavelmente fora usada em muitos torneios que o rei Edward gostava de realizar.
As lendas arturianas adaptavam-se bem aos ideais das cruzadas e da cavalaria que despontaram nos séc. XI, XII e XIII. Os cavaleiros de Artur serviam de modelo a todos os guerreiros como cruzados triunfantes em busca do Santo Graal, o cálice utilizado por Jesus Cristo na última ceia.
Mas a crença de que o rei não morreu e regressará com os seus cavaleiros, a fim de retomar a luta contra os males do mundo continua viva...